MINHA VISÃO SOBRE PREVIDÊNCIA

Talvez nenhum modelo previdenciário tenha sido mais bem organizado na sua origem que o Brasileiro. Nasceu atuarialmente configurado em bases fundamentadas tecnicamente e sem os problemas que já dominavam os demais sistemas em outros países.

Apesar de todas as intervenções políticas ainda sobrevive inserido no contexto do Estado de "bem estar" , institucionalizado na Constituição de 1988, como o principal instrumento de distribuição de renda entre os brasileiros.

A Previdência Complementar Privada, nos termos atuais, em regime de capitalização, no entanto, já nasceu em 1977, da evolução da consciência liberal de que o país necessitava evoluir do seu sistema previdenciário, do início do século 20, para uma atitude mais moderna que ajuizasse as efetivas relações securitárias do risco laboral, principalmente no sentido de quais prestações mínimas, que teriam que estar disponíveis a todos os cidadãos no sistema de seguro social. Por outro lado, também careceria de ser complementado com um sistema eficiente (estruturado em um modelo de poupança) seguro e confiável, que refletisse as características próprias do indivíduo em sua evolução profissional durante a sua vida ativa, assegurando e ampliando de forma particularizada a sua cobertura, além da base devida pela seguridade social.

Esta é a proposta para os novos sistemas em curso no mundo.

Em 1979, em função da “expertise” adquirida no tratamento das questões metodológicas das contas públicas, fui convidado a assumir a Estatística e Atuária do Ministério da Previdência e Assistência Social e por consequência a o Conselho de Administração Financeira da Previdência Social.

Essa Secretaria, também incorporava o Conselho Atuarial do MPAS que, além de examinar a contas da Previdência Social (já em crise) sob o prisma atuarial, também tinha a responsabilidade de aprovar os regulamentos, planos de benefícios e notas técnicas atuariais das Entidades de Previdência Privada que se formavam e adaptavam-se a nova legislação. (Lei 6.435/77)

Foi necessário a criação de toda uma nova cultura não só previdenciária, mas principalmente de mecanismos de mercado, controles atuariais e contábeis, pois não existia nenhuma experiência pregressa no país. Esta estrutura cresceu, evoluiu, se desenvolveu e hoje está disponível.

Iniciou-se nesta fase o acompanhamento e a normatização dos processos contábeis e de auditoria, que deu origem a todo o sistema hoje vigente de Previdência Complementar Privada.

Desde então acredito que o Sistema de Previdência Complementar privado seria a solução para o Brasil, não só como uma estrutura previdenciária complementar à previdência estatal, mas como um forte elemento de integração corporativa do empregado na empresa e, principalmente, num excepcional instrumento de valorização deste no contexto econômico do país e fundamental na capitalização de poupança interna no financiamento da atividade produtiva.

O Futuro.

É consenso que se precisa e como, da evolução e expansão deste sistema de previdência, principalmente pelo que se demonstra que o modelo brasileiro público vem se deteriorando rapidamente, cada vez mais desestruturado de padrões modernos e ágeis de uma economia que concorra com as modernas estruturas capitalistas do mundo, comprometendo não só o futuro do Sistema Previdenciário Brasileiro, mas toda estrutura produtiva do País. Como se observa nos dados que se disponibiliza neste blog.

Além de que, os recursos carreados para esses sistemas, viriam suprir de vez a carência de instrumentos efetivos de poupança privada destinada à capitalização e ao financiamento de projetos e programas de longo prazo e também no propósito de securitizar de forma eficiente as relações trabalhistas.

Nas manifestações que me permito apresentar neste blog, minhas preocupações não estão necessariamente com as “CRISES”, conjunturas ou momentos políticos, pois essas situações já estão plantadas há muito, apenas se apresentam sob “formas” exaustivamente já descritas pelos mais diversos autores.

Os problemas mais difíceis que se enfrenta quando do trato das questões políticas de determinadas situações conjunturais que emergem em uma sociedade , são aquelas que derivadas do sucesso do passado(Drucker), assim o Estado do bem Estar, o Estado Fiscal ou o valor da Sociedade do Conhecimento, onde o trabalho intelectual prepondera sobre o manual, dominam hoje agenda, muito mais na retórica e por consequência, com o comprometimento da eficiência e a eficácia de políticas públicas, do que qualquer outro fato objetivo do presente.

Desta forma as aparências externas desta superestrutura social, contida no texto Constitucional e expressão de todo um passado, impactam a política econômica e o Governo de forma direta, esmaecendo a visão do mundo atual e suas mudanças de valores. Assim, o que se tem que ter por objetivo é o que fazer hoje, não para corrigir o passado, mas, entendendo-o, acelerar a antecipação do amanhã.

PREVIDÊNCIA NÃO É PROBLEMA É SOLUÇÃO

A URGÊNCIA DA REFORMA


Ouvi em diversas emissoras e li em diversos jornais, cobranças ao Presidente Bolsonaro para se definir em relação a medidas a serem tomadas por seu futuro Governo, notadamente à Reforma da Previdência. Assunto que é pauta de 11 entre 10 jornalistas políticos em Brasília, sem contar os coadjuvantes palpiteiros, etc.

Isto me lembrou os idos de 2016, quando assisti a Palestra, do Excelente Dr. Marcelo Caetano, sobre os termos da PEC 287/2016, que, por Emenda, propunha alterar a Constituição, estabelecendo novo ordenamento à Previdência Social no Brasil e também às aposentadorias, pensões etc. dos servidores Públicos, inclusive militares.

Sua palestra no fundo se centrava, a par de questões qualitativas dos sistemas de previdência e de regime de pessoal dos servidores, nas observações da mudança da pirâmide etária Brasileira que, pelo incremento de expectativa de longevidade à sobrevida dos idosos, aumentava exponencialmente o custo dos benefícios previdenciários, notadamente às aposentadorias e pensões. Este fato, justificava, com urgência, uma mudança na data inicial em que seriam devidas às aposentadorias, pela criação de um limite inferior de idade e propunha ser de 65 anos, tanto para homens quanto para mulheres.
Ao final da palestra, o cumprimentei e disse: “há 36 anos passados fiz várias palestras semelhantes a esta sua e vejo que o problema continua o mesmo”.

Sim, em 1980, durante O Governo do Presidente João Figueiredo, na época eu, como Secretario de Atuária e Previdência Complementar do Ministério da Previdência e Assistência Social, apresentava tábuas de mortalidade e projeções demográficas que, demonstravam a impossibilidade de se continuar a financiar, pelo sistema de repartição simples, a Previdência Social, principalmente e de forma mais urgente, às aposentadorias e pensões devidas por tempo de contribuição e sem carência limite de idade.

Propunha-se a época a adoção inicial de um limite de 50 anos, que seria incrementado de um ano a cada dois, por trinta anos, quando seria revisto. Chegaríamos a 2010 com a idade limite de 65 anos, a hoje pretendida.

Não logramos êxito político.

No entanto, adotamos na legislação complementar estes limites, objetivando pela associação dos dois regimes o Geral e o Complementar atingir as metas de restrição etária pretendidas.

A colaborar neste sentido tinha-se que o funcionalismo público em geral, na época era obrigatoriamente vinculado a CLT e, por consequência, ao Regime Geral de Previdência e seus limites de valores de benefício, já desvinculados do salário mínimo e de suas políticas de reajustes.

 A previdência complementar neste caso era facultativa, mas acabou se generalizando   praticamente a totalidade dos funcionários estatais desde o BACEN, PORTOBRAS, IBGE, IPEA, SERPRO, e outras chegando a se esboçar pela GEAP os da administração direta.

Esta previdência complementar em regime de capitalização plena e com limite de idade além de melhorar a relação de custeio e pessoal do serviço público, tinha o poder de conter a idade de retirada da atividade dos servidores.

Na iniciativa privada o efeito também se sentia onde todo o sistema financeiro aderia a previdência complementar, além da siderurgia, mineração, indústria automobilística e outros prevendo-se que em breve se disseminaria para a maior parte das empresas.

Incipientes ainda, as entidades abertas, estas que, apesar das reformulações feitas nos termos da Lei 6.435/77, sofriam sequelas de credibilidade mercê dos desmandos dos anteriores “montepios” e as criadas no âmbito de instituições, como sindicatos, e assemelhadas, cobririam os setores menos formais e os profissionais liberais.

Não era uma reforma radical como a implantada no Chile, dado que ainda mantinha uma previdência estatal básica, nos moldes do da previdência de Bismarck e nesta linha perpetuava o modelo Brasileiro de “assistencialismo”. E, como apresentamos no artigo A previdência a origem e a crise apresentava maiores benefícios políticos imediatos.

Todo este esforço foi em vão, com o advento da “Nova República” e a Constituição de 1988, tudo piorou, entre outras benesses, retornou-se toda a estrutura de vitaliciedade ao funcionalismo público, às vinculações com o salário mínimo e reajustes acima da inflação, enfim, todo o TSUNAMY do “walfare state” que resulta no estado atual das contas públicas. Isto sem contar que o custeio imposto aos brasileiros quase triplicou.

A questão das contas públicas e o seu déficit é apenas a parte mais aparente de um modelo que comprovadamente é insustentável, como muito bem expõe .RICARDO VÉLEZ RODRÍGUEZ, O Estado de S.Paulo 03 Agosto 2018, em seu artigo o Estado Fraturado.

Foram mais de trinta anos de desmandos e cobram do Presidente eleito que resolva já, num passe de mágica.

Tem toda razão o Presidente em reafirmar cautela e que está atento a urgência e que encaminhará propostas.

Já deu indicações. Formou uma excelente equipe técnica.

Ao unificar na mesma Secretaria Receita e Previdência sinaliza que vai abordar a questão pelo seu maior problema, o custo.

Quanto o Estado Brasileiro está impondo a sociedade para financiar este Estado de “Bem-Estar”, vigente?  Será Justo? Equitativo? Estas são as reais perguntas que estão postas.



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